A diferença entre um génio e um louco mede-se por graus de sucesso, como se diz por aí.
Esta frase sempre me causou algum fascínio. Aparentemente dir-se-ia que para se ser inteligente nos arriscamos a mais facilmente ser loucos... será? Fica para mais tarde, que isto pelo andar da carruagem, não vou dormir hoje...
Tal como no post anterior, estou aqui para vos falar de um padrão. Outro. Desta vez não me vou vangloriar da minha superioridade e tal. Ou pelo menos não nos mesmos moldes. O outro padrão. Ao contrário do Raw, a mim poucos me chamam bonito. Não me aquece nem arrefece, desde que as pessoas certas o achem. Mas tal como ao Raw existe algo que muita gente me diz sobre mim mesmo. Não arrisco a dizer centenas como ele tão (modestamente) afirma, mas nas largas dezenas de pessoas já vou. Ao contrário dele, eu escolho não acreditar no que me dizem e pensar por mim próprio se o que me dizem é verdade ou não. E não concordo. A mim insistem em dizer-me que sou "muito inteligente"... onde vão buscar isso?
Lembrei-me disto devido ao comentário algures aí num comment do Stormson em que ele mencionava os "comentários mordazes e inteligentíssimos do Oneiros". Ok não me chamou inteligente descaradamente. Mas apenas estou a dizer que o comentário dele me fez lembrar isto.
Desde os meus pais, para me pedirem justificações pelas "notas baixas", a amigos, a completos estranhos, ao longos dos anos já dezenas de pessoas ousaram chamar-me inteligente! A sério, onde vão buscar isso? Sabem sequer o que isso significa?
O meu "inteligente" palpite é que essas pessoas se consideram "mais burras" que eu, o que para não as fazer burras a elas, faz de mim inteligente... jeeeeeeeez... lógicas destas fazia eu no 5º ano. Já pensaram que provavelmente até são MAIS inteligentes que eu? Pensem... credo, não custa assim tanto e o papai promete que não doi nada.
Vamos por partes.
Considerem a palavra "Inteligência". Decomponham-na. Lembrem-se que a nossa maravilhosa língua portuguesa vem do latim... temos "Inter" e "Legere", respectivamente "entre" e "ler". Inteligência é a capacidade de ler nas entre linhas. Perceber o que não é dito. Ouvir A-B-E-G-J e completar C-D-F-H-I. Eu sou um zero à esquerda a perceber inuendos. Nunca percebo quando uma rapariga gira (ou não, é irrelevante) está interessada em mim, nunca percebo quando estou a ser indiscreto, nunca percebo quando alguém está bem ou mal. Não sei ler insinuações, e não compreendo aquilo que não posso analisar e dissecar... a sério... onde está a minha tão famosa inteligência?
Já disse aí algures que não gosto de falsas modéstias. Agora vou-me gabar.
O que eu tenho, que vocês energúmeros confundem com inteligência, é uma memória semi-fotográfica, uma mente que vê lógica como um cão cheira cadelas, uma razoável capacidade dedutiva/indutiva, uma tendência para analisar tudo, uma larga aptência para correlacionar informação adquirida na já referida memória e uma velocidade de processamento de informação, individual ou em simultâneo, comparável à de uma calculadora de bolso da loja do euro e meio.
Resumindo, sou uma biblioteca e um computador ambulante que fala por uma boca muito grande... um computador é inteligente?
Ok, posso-vos explicar porque é que a Lua parece maior quando nasce, ou porque voa um avião, ou posso-vos contar "A Odisseia" de memória, ou citar Sun Tzu ou relembrar-vos de algo que me disseram de passagem à 10 anos atrás. Mas se me disserem "Sinto-me triste (ou feliz, não interessa muito)" a única coisa que eu posso dizer é "Queres falar sobre isso?", enquanto o meu cérebro vai equacionando motivos, causas, consequências, como o vosso humor me pode afectar, se devo ou não ser afectado por ele, o que é que na vossa vida pode ter corrido mal (ou bem) para originar tal estado, se for X será que Y resolve, etc. Começo instantaneamente e sem controlo (e felizmente sem dar nas vistas) a analisar a situação de todos os ângulos que me ocorrem... mas não sou capaz de dizer "O teu namorado/a fez isto ou aquilo?"... não... sai logo um "Porquê?". Uma rapariga diz-me "Gosto de ti Oneiros" e eu fico a medir entoações e a pesar palavras numa fútil tentativa de determinar exatamente o que é que me foi dito. Não percebo essas coisas institivamente. Tenho de as analisar e erro constantemente. A mesma coisa noutros campos que não o social. Simplesmente não leio nas entrelinhas. Leio as linhas e analiso-as de trás para a frente, peso-as, meço-as, arquivo-as e uso-as mais tarde...
Sou uma máquina de calcular com pernas, e as baterias estão a esgotar-se...
quinta-feira, novembro 18, 2004
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9 comentários:
Quando me referia ao teus comentários mordazes e inteligentíssimos, tentava chegar precisamente aí... À tua capacidade de análise quase tridimensional de uma situação, daí teres "saídas" completamente inesperadas relativamente a uma determinada situação, a que, sinceramente, eu acho montes de piada... Para mim (epistemologias à parte) isso é ser-se inteligente. :D
Ui, oh Oneiros vamos ter casório? :DD
Errr... bem, como dizer isto?... hmmm... vamos tentar... ou então... epá... posso simplesmente dizer: Não?!
Tipo... porquê? Tipo... conheço-te? Tipo... conheces-me? Tipo... não mesmo... epá... nada pessoal...
Divindades não casam com mortais... dá sempre mau resultado...
Sendo uma Divindade, a indade é irrelevante, e de qualquer forma seria uma quantidade de tempo que a tua mente mortal não conseguiria compreender (ou seja 22 anos).
Recebo propostas de casamento em dose exagerada (bastava a tua para ser um exagero, mas mesmo assim não é a única... embora todas no mesmo tom).
Por fim... não me venhas falar de ironia... achas que se considerasse por um segundo que a tua proposta era "séria" que respondia daquela forma? Limitar-me-ia a não responder...´
E não me esqueci do teu blog... já o vi... comentário para breve num blog próximo.
se ele é inteligente, então eu também sou.
Bah, eu nunca disse que me guiava pela opinião dos outros, mas é importante porque imaginemos que um gajo pensa que fornicar gatos é fantástico; aqui entram os outros, que o avisam "não, não é", a não ser que ele faça parte de um bairro esquisito com uma tradição que implica o fornicanço com os bichos. Além do mais, como já foi dito algures por este caos de comments e posts, o outro é importante para comparação. Mas acho que inteligência não é aquilo que te caracteriza (não que não o sejas), mas aponto mais para bookworm ou "gajo com cultura". Ah, intelligentia, se tem alguma decomposição, é do verbo ligare com preposição do acusativo inter. Acho que isso não forma um bom raciocínio, porque então o Zezé Camarinha, que eu tenho bastante respeito, é um ser deveras evoluído porque ele consegue "ler entre linhas" quando as mulheres estão interessadas. A inteligência parte pela capacidade de funcionamento do cérebro, parte física, captar aquilo que a parte imaterial expande para nós, como resolver aqueles jogos tipo "um homem, um coelho, uma raposa". Pode ainda ver-se a inteligência pela capacidade de jogar xadrez, mas acho que isso era muito pretencionismo da minha parte. O que falas que é a inteligência parece-me mais astúcia, métis. Mas ya, és um gajo inteligente, e digo-te não por confundir cultura com inteligência, mas porque é preciso um para reconhecer outro :D
Patty, e deixares de comer calhaus de haxixe??
Pensava que esta merda agora não se podia mandar comments como Anónimo... raios partam...
De resto, sem comentários.
anónimo não, randys; (vou passar a assinar).
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