terça-feira, novembro 16, 2004

Every town has an Elm Street

Bem, continuando com os feios e bonitos; vou levar a sério o que dezenas de pessoas me têm dito, fossem elas próximas ou afastadas sempre fui (e sou) encarado como um gajo bonito; duvido que de centenas de pessoas que conheci durante a minha vida apenas duas delas me achem feio e o digam. Mas ainda bem crianças, homens a acharem homens bonitos é roto. Mas não é a minha beleza que está em causa, não entremos em falácias, falava apenas da falta de beleza do outro, do vulgar que vemos na rua e nos faz vontade de ter hemorróidas ao invés de recordar a sua cara. Infelizmente, não posso ir ao oftomologista, porque eu diria "gostava de ver melhor" e ele responderia "tente aqui ao lado numa profissão que existe, o oftalmologista".
Quanto à questão da dependência do inverso de algo para a existência de ambos, é apenas uma questão de conceitos. Se todos os gordos fossem chacinados e enviados para África como mantimentos, os magros não desapareceriam, porque tipo, TODA a gente sabe o que é um gordo; é a velha conversa de que algo passa a existir a partir do momento em que a conheces. Se os gordos deixassem de existir, a sua representação manter-se-ia, e os magros não o deixavam de ser por não existirem os seus opostos.
Pessoalmente acredito que as sociedades são compostas de contrários, da coexistência (um mutualismo) entre os opostos. Mas são conceitos já registados, já "decorados". O desaparecimento de um não prejudica o outro.
Mas concordo com Platão quando ele diz que "algo não pode suportar em si o seu contrário". Eu não posso ser gordo e magro, não posso ser feio e bonito, não posso ser e não-ser. É claro que é discutível, porque são conceitos estéticos subjectivos, mas um gajo de 2 metros é alto aqui, no outro lado do mundo, e em lugar algum é baixo. Acho que o mundo não deve suportar em si os contrários, apenas os que nos favorecem. Admitemos, a beleza favorece-nos, a beleza é um factor social importante. A fealdade não, é apenas uma má existência. Negando os feios, ficam os bonitos. Negando a paz, tem-se a guerra. O objectivo aqui é queimar, incinerar o que não deve existir. O mundo seria melhor, viveriamos bem. Thomas Moore escapou-lhe isso.
Criando pessoas bonitas, altas, pacíficas, tínhamos o que Nietzsche chamou
Ubermensch (acho que se escreve assim). E o mundo seria dominado por eles HAHAHAHHAHA
Sim, também eu escrevo ao sabor dos dedos, não só o grande Oneiros tem direito a divagações.

"se todos agissemos e pensassemos da mesma maneira então não passaríamos de ovelhinhas"
E não somos? Não fazemos todos parte? Não somos todos nós parte de um grupo (indíviduo colectivo)? Agimos e pensamos de maneira diferente, mas igual a outros.
Vejamos isto assim: uma pessoa pode ter qualquer combinação de A, B, ou C. Uma pessoa é ACB, a outra BA, outra CB, uma outra apenas C ou A. Sim, são diferentes. Mas nenhuma delas tem uma propriedade única, que mais nenhuma delas tenha; numa turma de morenos só há um louro. Ele é diferente do dito "rebanho". Mas existem mais louros pelo mundo fora. Não somos unos, somos uma combinação única do plano existencial humano. Eu sou muito estúpido, mas existem aí tão estúpidos como eu.
E pronto, escrevi isto tudo e não me deu sono.
Vou reler pela 8ª vez o "Monstros de Outro Planeta". Vou buscar bolachas... acho que é uma boa. Deitado, a ler Calvin & Hobbes, a comer filipinos. Ah, e sou bonito :)

4 comentários:

Seph disse...

Assim como existem feios e bonitos, nem sempre pra ti o que considerares feio o é, ou vice-versa. É apenas mais uma maneira de rotulares as pessoas, o que sinceramente a mim me entristece bastante. Mas enfim, "isso já é outra história".

Unknown disse...

Cumprimentos. Sendo este o meu primeiro comentario neste blog, desde ja os meus parabens por esta iniciativa.
Mas falando de coisas serias. O mundo está cheio de gente bonita e feia, e dependendo das culturas, essa noção é completamente diferente. Noutros tempos as mulheres mais gordas, ou de pés pequenos, ou com a pele mais branca possivel, eram o mote de beleza. Hoje em dia estamos com um arquétipo diferente de estética, e quando formos velhos essa noção ja mudou, e vamos andar a criticar "os desavergonhados dos jovens" que fazem isto ou aquilo.
Pessoalmente creio que é na multiplicidade de existencias que podemos realmente encontrar a nossa individualidade. Uma pessoa que me desagrade, seja feia, estupida, etc... nunca me meteu tanta impressao como a experiencia de encontrar pessoas que são iguais a mim em certas caracteristicas. Isso sim, é inquietante.

A tua referencia aos übermenschen é um pouco deslocada, acho que Nietsche estava mais a pensar em crenças de alma e superioridade de entendimento vs a decadencia do corpo. Surge-me a frase "um homem para atingir deus tem de esquecer deus, e assim tornar-se seu igual" (überman)

Ja dizia Orwell no seu 'mil novecentos...' que o processo ideal para o saneamento de qualquer pensamento livre é a eliminação dos opostos e dos negativos à idealogia que queres fazer cumprir, e apresenta como exemplo a Novilingua, um dialecto em que o negativo nao era definido, mas sim meramente uma oposição:

feio seria 'imbelo'
mau seria 'imbom'

Ja no 'Admiravel Mundo Novo' de Huxley tens novamente a demonstração que sociedades sem defeitos estagnam e apodrecem. (remeto-me a nao me expandir neste tema, sob pena de alongar ainda mais o meu discurso).

Concluindo: Precisamos dos nossos opostos para nos ver-mos como superiores. É tudo uma saudavel competição e uma sublime alimentação do ego sermos mais fortes, mais espertos, mais ricos, etc.

Se não existissem inferiores, como reconheces a tua propria superioridade?

É uma alegria acordar de manha na consciencia que sou superior a 90% da população que me rodeia. Dia em k tal nao acontecer, bem posso enfiar uma bala nas minhas temporas decandentes.

Tenho dito.

Seph disse...

Essa do "Tenho dito" é minha :P
Em relação ao resto, subscrevo completamente... Apenas não keria intelectualzar tanto no comentário.
E já agora...Uer :º

Oneiros disse...

Não tinhas já um post com esse título? Ou era no messenger? Ninteressa.

Primeiro: o oftomologista é o médico que te trata das oftomolas que são uma pequena glândula no interior do humor vítreo, flutuantes no espesso líquido, que possibilitam a existência de alucinações temporárias no nosso complexo visual, e com um certo efeito também interessante na memória visual, que em certos casos de demência comprovada também alteram a memória auditiva. Mandei-te consultar esta especialista porque obviamente as tuas oftomolas fazem-te crer constantemente que és bonito quando não o és... por amor a mim (que sou Deus), tens mais pêlo que o gato da minha vizinha man... também obviamente estás suficientemente insano para que as tuas oftomolas também te afectem a memória auditiva, pelo que te recordas de CENTENAS de pessoas te chamarem bonito... tsk tsk meu caro Raw... precisas mesmo de ajuda...

(e se algum palhaço me vem chatear a dizer que as oftomolas não existem, tenho um conselhor para o intelecto altamente desenvolvido que se atrever: já que és tão inteligente que até sabes o que diabos temos dentro dos olhos, então pega num pequeno livro conhecido como dicionário e vai ver as palavras: "sarcasmo", "ironia", "ficção" e "humor negro" já que obviamente não conhece estes conceitos base)

Segundo: ovelha és tu... eu considero-me um lobo em pele de cordeiro, no meio do teu "rebanho existencial humano" (o génio pode também ir procurar "hipocrisia"

Terceiro: tu, Raw, já devias saber depois do tempo que já frequentaste o curso que frequentas que a mente humana não consegue compreender um conceito sem o auxílio do seu contrário... mesmo depois de já teres o conceito "decorado" como referiste, continuar a precisar do oposto para poderes comparar e medir (outra necessidade humana). Ok, matas todos os feios... depois disso, os "menos bonitos" que sobram passam a ser os "feios" e assim sucessivamente até só sobrares tu e aqueles que consideras mais bonitos que tu... e agora? pela tua lógica deverias matar-te a ti em seguida... vais fazê-lo? Eu digo, deixa lá os feios existirem e aprende mas é a controlar as náuseas que sentes quando passas em frente a um espelho e as tuas oftomolas deixam de funcionar e pensas que estás perante um "feio".
Da mesma forma, por já teres frequentado o que frequentaste do teu curso, já deverias saber que sociedades sem "desviantes" (pessoas fora do "normal" dessa sociedade) são sociedades condenadas à extinção por apodrecimento interno... é como uma espécie viva que se adapte bem demais a um nicho ecológico muito específico... qualquer pequena alteração no meio, extermina-os por não terem capacidade de evoluirem...

E assim acontece