Na senda de conteúdos poeticamente condizentes com a tradição deste blog, decidi seguir o exemplo do meu colega e presentear os leitores com mais uma pérola lírica daquele grande poeta, Bocage:
"A Água"
Meus senhores eu sou a água
Que lava a cara, que lava os olhos
Que lava a rata e os entrefolhos
Que lava a nabiça e os agriões
Que lava a piça e os colhões
Que lava as damas e o que está vago
Pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
Que rega a salsa e o rabanete
Que lava a língua a quem faz minete
Que lava o chibo mesmo da raspa
Tira o cheiro a bacalhau rasca
Que bebe o homem, que bebe o cão
Que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
Que lava os olhos e os grelinhos
Que lava a cona e os paninhos
Que lava o sangue das grandes lutas
Que lava sérias e lava putas
Apaga o lume e o borralho
E que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
Que rega rosas e manjericos
Que lava o bidé, que lava penicos
Tira mau cheiro das algibeiras
Dá de beber ás fressureiras
Lava a tromba a qualquer fantoche e
Lava a boca depois de um broche.
"A Água", de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
terça-feira, fevereiro 03, 2004
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