terça-feira, janeiro 13, 2004

You must have just the right bullets and the first one's always free

Num calmo e solarengo dia, ia eu pacatamente pelas ruas da cidade quando reparo que me tinha esquecido do isqueiro. Para resolver o problema, decidi abordar alguém que me pudesse alugar por alguns segundos o objecto desejado. Escolhi um alvo que estava parado à espera de atravessar a estrada, meia-idade, preto (luso-africano if you wish para não ferir susceptibilidades) e algo de esquisito. Pedi- lhe lume, ao que ele respondeu com um olhar fixante durante uns longos 4 segundos, tal Clint Eastwood. Depois tirou do seu bolso um isqueiro enorme e azul, que eu me aprontei em usar, não fosse ele pensar que eu o queria roubar... acendi uma vez....duas..não deu. Virei as costas, não fosse alguma corrente de ar inexistente estar a prejudicar-me... Rien. Abanei o isqueiro... não deu. Ao ver o meu pranto para acender o cigarro, ele abriu a boca pela primeira vez e, como se fosse possuído por uma força sapiente transcendental ao mero humano, olhou para mim, mísero mortal, com sabedoria a correr-lhe nas veias e disse "tenta ao contrário"...uau. Era como se dois mil anos de evolução fossem arrebatados por esta frase, como se o próprio Ser Humano tivesse sido derrotado em todas as suas batalhas. Controlei o meu desmaio, fixei-me na face confiante e serena do Hércules dos Isqueiros, tentei imaginar como um isqueiro ao contrário poderia auxiliar-me... mas o meu reduzido Q.I. impediu-me. Agradeci e virei as costas ao colosso da massa cinzenta.

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