domingo, fevereiro 29, 2004
Devenir Gris
Tudo começou em 1956, com o nascimento do terceiro testículo da sociedade portuguesa, tão útil e igualmente incomodativo. Trata-se de Lena D'Água, uma nódoa que se propagou nas mais diversas categorias artísticas tal como uma epidemia de mau gosto causadora de vómito e capaz de enojar o mais forte dos estômagos. Começou por soltar sons similares a animais a serem chicoteados, ao que ela chamou "cantar". Lançou ainda uns 4 álbuns, totalmente dispensáveis e de díficil audição, não fosse a mulher dona de uma voz horrível que justificaria a existência de um campo de concentração só para ela. Tentou ainda música infantil, mas por pouco tempo, pois descobriu que as suas semelhanças faciais a um cavalo velho assustava as crianças. Pior ainda, foi o lançamento do seu livro de poesia, uma amálgama disconexa de palavras escolhidas ao acaso e rimas forçadas. Felizmente, as empresas discográficas ainda não se lembraram de lançar o seu mais recente álbum. Não tenho nada contra a "mulher", apenas espero que ela tenha um acidente de iate ou que as suas cordas vocais sejam dilaceradas com uma gillette.
quinta-feira, fevereiro 12, 2004
take your partner by the hand, he's a woman, she's a man
Oh, o belo e luxuoso Dia dos Namorados, mais um acontecimento universal cuja futilidade apenas se equipara ao uso de arpões na pesca da minhoca. Neste dia, centenas e centenas reunem uns trocos para gastar com os respectivos parceiros, mas com 3 grandes clichés de escolha: o peluche, onde se oferece um animal com cara parva e propício à acumulação de pó; os bombons, como dizer "espero que engordes muito e tenhas uma crise acneica" e, claro, as flores. Sim, as pessoas oferecem plantas mortas umas às outras. E porque não animais? Se eu raspar um gato morto do asfalto e o embrulhar em papel colorido com um cartão a dizer "I love you" é ofensivo. Mas plantas não. Ou oferecer uma tupperware com cozido à portuguesa com um laçarote à volta... Mas chocolates já é aceitável. Mas sim, aproveitem o dia para dar um passeio por um jardim, ou irem ao cinema. Caso escolham a segunda, lembrem-se do velho "querida, apanha aí as pipocas".
terça-feira, fevereiro 03, 2004
Perspectivas Diferentes
Na senda de conteúdos poeticamente condizentes com a tradição deste blog, decidi seguir o exemplo do meu colega e presentear os leitores com mais uma pérola lírica daquele grande poeta, Bocage:
"A Água"
Meus senhores eu sou a água
Que lava a cara, que lava os olhos
Que lava a rata e os entrefolhos
Que lava a nabiça e os agriões
Que lava a piça e os colhões
Que lava as damas e o que está vago
Pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
Que rega a salsa e o rabanete
Que lava a língua a quem faz minete
Que lava o chibo mesmo da raspa
Tira o cheiro a bacalhau rasca
Que bebe o homem, que bebe o cão
Que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
Que lava os olhos e os grelinhos
Que lava a cona e os paninhos
Que lava o sangue das grandes lutas
Que lava sérias e lava putas
Apaga o lume e o borralho
E que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
Que rega rosas e manjericos
Que lava o bidé, que lava penicos
Tira mau cheiro das algibeiras
Dá de beber ás fressureiras
Lava a tromba a qualquer fantoche e
Lava a boca depois de um broche.
"A Água", de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
"A Água"
Meus senhores eu sou a água
Que lava a cara, que lava os olhos
Que lava a rata e os entrefolhos
Que lava a nabiça e os agriões
Que lava a piça e os colhões
Que lava as damas e o que está vago
Pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
Que rega a salsa e o rabanete
Que lava a língua a quem faz minete
Que lava o chibo mesmo da raspa
Tira o cheiro a bacalhau rasca
Que bebe o homem, que bebe o cão
Que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
Que lava os olhos e os grelinhos
Que lava a cona e os paninhos
Que lava o sangue das grandes lutas
Que lava sérias e lava putas
Apaga o lume e o borralho
E que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
Que rega rosas e manjericos
Que lava o bidé, que lava penicos
Tira mau cheiro das algibeiras
Dá de beber ás fressureiras
Lava a tromba a qualquer fantoche e
Lava a boca depois de um broche.
"A Água", de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
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