domingo, abril 17, 2005

No dia seguinte...

Esta noite tive um sonho.
Era um dia soalheiro. Passeava num jardim que adiante se transformava numa floresta. Curioso, fui à floresta. Estava tão bem arranjada como o jardim, exceptuando pelas folhas que cobriam o chão. No centro da floresta, estava plantada uma árvore. Parecia ser tão velha que juraria que poderia ter sido a primeira árvore a fazer parte dessa mesma floresta. Era dobrada e retorcida. Tinha troncos grossos e finos que se retorciam à sua volta. Parecia uma velha corda. Ao contrário das outras árvores, que estavam todas perfeitamente erguidas em direcção aos céus, esta velha árvore dobrava e criava uma grande sombra, como um velho corcunda sentado num banco de jardim, silenciosamente descansando as suas pernas desgastadas pela idade. A sua folhagem, contudo, permanecia rica e verdejante, parecendo querer ocultar a sua idade, que devia ter montes de histórias para contar. Até os troncos que se sobrepunham e se enliavam uns nos outros pareciam formar uma face no tronco principal, parecia viva, no sentido humano e antropomórfico, como se respirasse e transpirasse pelas rachas na sua madeira clara. De repente, veio-me à cabeça. "Esta árvore é uma ______ ______!" Honestamente, no sonho sabia o nome dela, eram dois nomes em inglês - não era "Weeping Willow" porque a folhagem não pendia - aquando escrevo estas frases, não me consigo recordar do seu nome. Seguidamente, veio-me outro pormenor à mente. "Esta ávore só cresce na Austrália!" exclamei, e continuei "Por isso é aí que devo estar neste meu sonho!". Ainda me pergunto como é que eu sabia isto tudo. Nunca vi na televisão programas sobre árvores, a não ser o famoso sketch sobre as várias formas de pronunciar "Larch" no Flying Circus dos Monty Python, nem nunca li livros sobre árvores. Estranhamente, sinto uma vontade terrivel de ler mais sobre elas... E se tal árvore existe mesmo, ou não...

Isto dá uma reviravolta no meu mundo. Pensava que "nature calls" era uma expressão britânica para dizer que precisavamos de ir ao WC, fazer algo "natural". Isto adiciona novos conceitos no meu dicionário enciclopédico de experiência de vida, vivida embora dormida. Estou mais habituado a ter sonhos ridículos em que eu saberia que a árvore era australiana porque começava a falar comigo e eu reparava no seu sotaque, dizendo que se chamava Bruce, e de repente começavam a tocar os Suicidal Tendencies acompanhados por Richard Clayderman no piano e Kenny G no saxofone que fazia headbanging (aquela gadelha há-de servir para alguma coisa, e não é para engatar mulheres - Kenny, amigo, esses caracóizinhos apaneleirados não te ajudam com elas, abafares aí o teu instrumentozito é que ajuda, "lose the curly shit", a não ser que estejas a pensar em juntar-te aos Cannibal Corpse, aí tens o meu aval, eles precisam dum gajo que saiba tocar nos seus instrumentos de sopro). Depois eu partia o microfone na minha cabeça (ou vice-versa), embebedavamo-nos e tinhamos sexo com ninfas, musas e virgens vestais. Isto é um sonho normal para mim.

É engraçado pensar que nós aprendemos relembrando. E que o sonho que tive foi uma memória distante de uma vida distante. Ou então tenho de deixar de beber café com chá de camomila antes de deitar todas as noites (não sei porquê, demoro sempre umas duas horas para dormir ou mais, coisa estranha não? será do chá?). Mas facto é que este fenómeno que supostamente não se passa num mundo real afecta o dito mundo real através de nós e na nossa forma de pensar e de agir. Foi algo que eu sei que não vivi mas que sinto que vivi. Sinto-o na pele, embora não tenha estado lá. Talvez a minha alma tenha deixado o corpo na Terra e tenha ido dar uma volta a um plano incorpóreo. Talvez seja isso que são os sonhos. Viagens por outros mundos.

Bem, divago bué.

Todos os sonhos têm um significado, diz-se. Não me apetece descobri-lo, sinceramente (ou talvez queira, mas sou demasiado preguiçoso para me dar ao trabalho). Apeteceu-me apenas partilhá-lo. E fico por aqui. Because nature is calling me. And me is feeling better after writing this. Feel free to share your thoughts about this. I'll see you in your dreams! UERUERUER!!!

2 comentários:

Oneiros disse...

"I'll see you in your dreams..."?!?!?!?!?!

He stole my line... I can't believe it... the godammit son of a... stole my line...

A propósito, dentro da minha limitada experiência de interpretação de sonhos e do meu conhecimento pessoal da tua pessoa, eu diria que esse sonho não tem nada a ver com a Austrália mas sim com o teu avô (representado pela árvore antropomórfica muito muito velhinha).

E se voltas a roubar-me as frases chavão, levas "acidentalmente" com um boken na tola...

Leonidas disse...

Ferves em pouca água.