sábado, setembro 15, 2007

O pranto do troglodita

"Estou aborrecido, por isso vou desbotar cardume." - disse o velho sábio da montanha mas que ninguém sabia o que é que ele estava lá em cima a fazer sozinho e como é que ele era tão sábio se não tinha contacto com uma grande parte do mundo nem um laboratório social restrito de modo a poder efectuar os estudos que originam na sua sapiência no fundo acho que ele é um bonito palhaço tipo um idiota da aldeia rejeitado e exilado como fora Jesus Cristo ou o Michael Jackson.

Agora que fiz o aquecimento, gostaria de colocar uma questão a todos, particularmente aos estudantes e formados em História da Arte. Cá vai:

O que é que as pinturas rupestres e os tags nos lavabos públicos têm em comum?

Talvez vos interessaria mais uma pergunta sobre macramé ou sobre a vossa página no myspace ou no deviantart a mostrar os dejectos que deitam para o ciberespaço como se fosse a vossa sanita mental barra digital. Ok, há pessoal que tem jeitinho. 5% de nutrientes não absorvidos pelo organismo. Azar. O resto merece sair cá para fora... Tenho de ver se paro com estas metáforas anais. Freud explica.

Voltando à questão que havia colocado. Imaginem a seguinte situação: o homem primitivo, no seu aborrecimento diário e demasiado tempo livre, decide dar uso ao seu corpo e mente. Ele exprime-se! Pinta homens perseguindo animais com lanças, e mais não sei o quê. Tudo isto entre refeições de animais previamente caçados, de bagas recolhidas, de acasalar com as mulheres a bem ou a mal, de tentar sobreviver em ambientes inóspitos, de estar em constante mudança de local... Eu diria que ele não tem muito tempo para se exprimir.

Ele olha para uma caverna e chama o pessoal "Epa, aguentem uma beca que tenho de ir ali à caverna esfolar o mamute" ou qualquer seja o calão que usavam na altura. O homem lá vai, baixa a carpete de pele de animal que tem à cintura e faz o que tem a fazer. "Ora bolas", pensa o homem, "ainda não inventaram o papel higiénico." Após olhar um pouco em volta... "Vai à mão que se lixe." E depois limpa a mãozinha na parede. Já viram aquelas mãos nas pinturas rupestres? Ah, pois é. Outros entretêm-se e fazem desenhos e retratos simplesmente por estarem aborrecidos ou por o mamute tardar a aparecer. Os que têm hemorroidal ou bolhas nos pés têm um acesso a uma nova palete de cores, etc. Tudo isto antes de haverem telemóveis e uma linguagem que permite expressar directamente as nossas preferências sexuais a estranhos, convidando-os a participar na caçada.

A pintura rupestre é uma arte que sobrevive ainda nos dias de hoje, numa vertente mais contemporânea. É livre. Pode ser admirada em praticamente qualquer lavabo público sem pagar preço de admissão, durante um momento relaxado, ajudando ao seu admirador na libertação do stress diário. E a melhor parte é que é de todos! Qualquer pessoa pode participar e deixar a sua pincelada na tela, mais uma pétala na flor, através de um diálogo artístico, seja complementando uma criação com uma componente escrita, por exemplo, "seu paneleiro nojento, deviam morrer todos" ou inspirando-se naquele momento de paz e gerar a sua própria criação com uma simples figura a honrar as pinturas dos antepassados de outrora, ou mesmo um poema ou citação idealista, que informe toda a gente de uma qualquer preferência sua, seja o seu clube, partido ou inclinação sexual, decerto que todos terão o maior interesse em ler.

segunda-feira, setembro 10, 2007

some velvet morning

Sou grande adepto da tecnologia, acho que os avanços têm vindo a facilitar a vida a todos, a nível desde saúde, transportes, agricultura e depilação genital. Ora, comecei este post há algum tempo e não sabia como o continuar mas para terminar em grande o ano idiota de 2008 vou pegar nele. Mas primeiro, vou justificar a minha ausência; há três meses atrás comprei, via internet, um candeeiro com rádio que dizia as horas em latim. "septem et quarentum sunt" dizia ele. E como eu gostava deste candeeiro. Muitas noites acordava com ele ao lado e enquanto lhe fazia festas no peito pedia-lhe "fala para mim, cachorrão". (normalmente quando estou a ter sexo com electrodomesticos falo brasileiro). Bem, dias mais tarde um senhor vestido de azul e com ténis amarelos bateu na minha porta. Eu fui falar com ele e disse "não tens nada que bater na porta, ela não te fez nada de mal". felizmente ele não levou a mal e foi-se embora.
Entretanto um outro senhor foi a minha casa e disse-me "ah, estou com problemas em embalar o meu bebé" ao que eu respondi "está a usar o celofane errado para isso, experimente papel de aluminio". Tambem se foi embora, problema resolvido. Um terceiro senhor foi lá, e desta vez havia seguimento com o assunto do candeeiro. Ele fazia parte de uma associação religiosa que fazia colecção de objectos que falam latim, para o provar ele mostrou-me um vibrador que, quando o ligou, disse "vibratum facet, porcum estis". Foi nesta altura que comecei a pensar em parar de escrever o post. Imaginei referir toda uma intriga milenar em que a cruz de jesus cristo lhe disse "crucificatum estis, idiotus" ao que cristo respondeu "foda-se". A partir daí começaram se a fabricar secretamente objectos que falassem latim, sendo o mais conhecido o abre latas verde que dizia "latum abrire de vez em quando".
Isto tudo acabou bem, vou-me centrar na questão inicial das novas tecnologias. É bom haver novas tecnologias. Dá para fazer cenas diferentes. Tipo cortar relva, que dá jeito. Ou aquecer água para fazer coisas. E é isso.
Espero que tenham tido um bom 2008. Continuo a achar que foi um ano idiota. Correu bem, mas não obstante, foi idiota. Tal como todos vocês que perdem tempo a ler o que escrevo são idiotas, tal e qual 2008. Vocês são uma cambada de 2008.