domingo, janeiro 01, 2006

Nothing Changes On New Year's Day

Aaaaah! O primeiro dia do ano! Mais um ano que passou.
E eu de ressaca; será que isso quererá dizer algo? Que iniciar este período de 365 dias de ressaca ir-se-á revelar mau agoiro? E se eu estivesse a ajudar velhinhas solitárias a tratarem dos gatos, o ano seria melhor? Duvido muito, e sinceramente, não estou em condições físicas para permitir ao meu cérebro um pensamento assim... Quer-se dizer... a ver vamos (esta parte seguinte do post é de importância diminuta).

Mas, contando que o caro leitor não acredita que o que se faz no primeiro dia do ano terá repercussões nos dias futuros, tendo uma atitude igual num outro dia qualquer irá mudar os dias que se seguem ao mesmo? Isto é, no dia 14 de Junho ajudo uma velhinha a atravessar a estrada, será que me sentirei melhor o resto do ano? E se dia 20 de Junho eu chamo um nome a uma pessoa qualquer por cheirar mal, será que a minha boa acção prévia é anulada por esta nova? Então e se eu dia 25 de Junho eu atropelar a velhinha que ajudei 11 dias atrás? Não estaria a fazer nada de muito errado, porque se não fosse a minha intervenção dia 14 ela poderia estar morta. Com os 11 dias extras de vida que recebeu, pode ter feito algo importante.
No caso de ela, de facto, ter feito algo considerável. É realmente assim tão relevante ela ter inventado o descascador de bananas a energia solar que toca a banda sonora do Gone With the Wind enquanto descasca? Porque, se é algo tão importante, ela nem terá tempo para gozar a sua descoberta, a sua glória e o seu triunfo, pois alguns dias depois ela estará a ser atropelada pelo meu carro. E assim, quando eu for apanhado, serei julgado com atropelamento, fuga, e assassinato de Adelaide, a mulher que inventou o descascador de bananas a energia solar.
Então e se a Adelaide me andasse a querer matar há 4 anos porque eu passei-lhe à frente na fila do supermercado? Não estaria aí a recompensar a maldade com justiça, que por sua vez resulta de um acto de bondade inter-ligado com uma tentativa de assassínio a priorística que poderia ter evitado que eu a ajudasse e, mais tarde, a atropelar-se? Então e se minha porta de casa fosse da mesma cor da parede eu ainda estaria a tentar abri-la? É provável. E se eu pegar numa arrastadeira, pintá-la de preto e dizer que ela vem da Amadora posso chamar-lhe Arrastão? Ou se eu violar uma vassoura e for apanhado posso desculpar-me a dizer que "é tudo em nome das pás"?

A ressaca é um estado fantástico Fernado Pessoa escreveu "Não sei o que faça, não sei o que pense, o frio não passa e o tédio é imenso"; decerto referia-se a uma das suas ressacas de absinto. Ha! "absinto é a bebida dos poetas". Tentem beber um copito de absinto e escrever um poema a seguir. Eu já tentei, e o máximo que consegui foi vestir-me de preto e tirar fotografias a preto e branco de tudo o que via, que mais tarde resultou num site da DeviantArt.
Não, não quero ser fanfarrão "bebi muito, já tenho idade para beber, etc". Aliás, estou deveras arrependido de ter bebido tanto. Hoje teria bebido menos, sou uma pessoa mudada... Sinto a boca seca, o intestino parece um poodle hiperactivo e tenho as veias cerebrais a palpitarem. Para piorar, tenho qualquer coisa no dente e não sei bem como tirá-la. Mas pronto, queria apenas sentir uma estúpida realização pessoal de ser o primeiro a escrever n' O Dia Seguinte este ano, já que é dia 1. Tenho sono. Vou dormir.
L'Horreur... arrêter... crimer... les gens... l'Horreur...